Clorfenicol: O que é e como funciona
O clorfenicol é um antibiótico de amplo espectro descoberto em 1947 a partir da bactéria Streptomyces venezuelae . Foi um dos primeiros antibióticos de amplo espectro disponíveis no mundo e, durante décadas, salvou inúmeras vidas, especialmente antes da popularização das penicilinas e cefalosporinas.
IMPORTANTE:
A Dafratec não recomenda, não orienta nem incentiva o consumo de qualquer medicamento, inclusive o clorfenicol.
Todo o conteúdo aqui apresentado tem apenas caráter educativo e informativo.
Nunca faça uso de medicamentos sem prescrição e acompanhamento médico.
Procure sempre seu médico ou farmacêutico antes de iniciar qualquer tratamento.
Características principais
Estrutura química
O clorfenicol possui uma estrutura relativamente simples, com um grupo nitroaromático e um átomo de cloro — características raras entre antibióticos naturais. Sua fórmula molecular é C₁₁H₁₂Cl₂N₂O₅.
Mecanismo de ação
Age inibindo a síntese proteica bacteriana ao se ligar à subunidade 50S do ribossomo bacteriano, bloqueando a enzima peptidil-transferase. Isso impede a formação da ligação peptídica entre aminoácidos, interrompendo o crescimento da cadeia polipeptídica.
Espectro de ação
É eficaz contra:
- Bactérias Gram-positivas
- Bactérias Gram-negativas
- Anaeróbios
- Riquétsias
- Clamídias
- Micoplasmas
Por isso ainda é útil em infecções graves causadas por microrganismos multirresistentes ou em casos de alergia a beta-lactâmicos.
Formas de administração
- Oral : cápsulas (bom absorvimento)
- Intravenosa
- Tópica : colírios e pomadas oftálmicas/otológicas
- Intramuscular (menos usada hoje)
Principais indicações atuais
Devido ao risco de efeitos colaterais graves, o uso sistêmico do clorfenicol está muito restrito na maioria dos países. Hoje é indicado principalmente para:
- Meningite bacteriana grave (quando o paciente é alérgico a penicilinas e cefalosporinas)
- Febre tifoide resistente a outros antibióticos
- Infecções por Haemophilus influenzae resistente
- Conjuntivite bacteriana grave (uso oftálmico)
- Infecções oculares e de ouvido externas (pomada)
Efeitos adversos graves (por isso o uso é restrito)
1. Anemia aplástica
Rara (1:25.000 a 1:40.000), mas quase sempre fatal. Pode ocorrer mesmo após uso tópico ou dose única. Não é dose-dependente.
2. Síndrome cinzenta do recém-nascido
Ocorrida em bebês prematuros ou recém-nascidos que recebem doses altas. Causada pela imaturidade do fígado (deficiência de glucuronil-transferase), levando acúmulo do medicamento, choque cardiovascular e coloração cinza-azulada da pele.
3. Supressão medular reversível
Depende da dose e duração. Mais comum em tratamentos prolongados ou doses altas.
Contraindicações
- Hipersonibilidade conhecida
- Gravidez e aleitamento (exceto se benefício justificar risco)
- Recém-nascidos e prematuros (uso sistêmico)
- Histórico pessoal ou familiar de discrasias sanguíneas
Monitorização no uso sistêmico
Quando inevitável o uso por via oral ou intravenosa:
- Hemograma completo antes e a cada 2–3 dias
- Dosagem sérica (nível terapêutico: 10–20 µg/mL)
- Ajuste de dose em insuficiência hepática ou renal grave
Conclusão
O clorfenicol foi um marco na história dos antibióticos, mas hoje seu uso sistêmico é excepcional devido ao risco de anemia aplástica. Continua sendo uma opção valiosa em colírios e pomadas oftálmicas/otológicas, onde a absorção sistêmica é mínima e a eficácia local é excelente.
FAQ – Clorfenicol: 7 perguntas mais frequentes
1. O que é o clorfenicol?
É um antibiótico de amplo espectro descoberto em 1947, produzido originalmente pela bactéria Streptomyces venezuelae . Atua contra bactérias Gram-positivas, Gram-negativas, anaeróbios, riquétsias, clamídias e micoplasmas.
2. Ainda se usa clorfenicol em humanos hoje em dia?
Sim, mas o uso por via oral ou injetável é muito restrito na maioria dos países por causa do risco de efeitos colaterais graves. Já o uso tópico (colírios e pomadas para olhos e ouvidos) continua sendo comum e seguro.
3. Por que o clorfenicol quase “sumiu” dos consultórios?
Porque pode causar anemia aplástica, uma complicação rara (1 em 25–40 mil pacientes), mas quase sempre fatal e imprevisível. Com a chegada de antibióticos mais seguros (cefalosporinas, fluoroquinolonas, etc.), seu uso sistêmico foi drasticamente reduzido.
4. O colírio de clorfenicol é seguro?
Sim! A absorção do colírio ou da pomada oftálmica/otológica para o sangue é mínima. Casos de anemia aplástica com uso apenas tópico são extremamente raros, e os benefícios no tratamento de conjuntivite e otite externa superam muito o risco.
5. Posso dar clorfenicol para bebê ou recém-nascido?
Nunca por via oral ou injetável. Em recém-nascidos, pode causar a “síndrome cinzenta”, uma intoxicação grave e potencialmente fatal devido à imaturidade do fígado. Uso tópico ocular/otológico geralmente é liberado pelo pediatra ou oftalmologista.
6. Quais são as principais indicações atuais do clorfenicol sistêmico?
Só é usado sistemicamente em situações muito específicas:
- Meningite bacteriana em pacientes alérgicos a penicilinas e cefalosporinas
- Febre tifoide multirresistente
- Infecções graves por Haemophilus influenzae ou anaeróbios resistentes
7. Se eu tomar clorfenicol, preciso fazer algum exame de sangue?
Sim! Quando o uso oral ou intravenoso é inevitável, o médico deve solicitar hemograma completo antes de iniciar e a cada 2–3 dias durante o tratamento para detectar precocemente qualquer alteração na medula óssea.