Capa do Artigo Normas Essenciais para Sistemas Particulados: Onde se Aplicam, Quem Deve Atentar e os Riscos da Não Conformidade

Normas Essenciais para Sistemas Particulados: Onde se Aplicam, Quem Deve Atentar e os Riscos da Não Conformidade

Guia completo de normas para controle de sistemas particulados: aplicações, setores críticos, riscos de não conformidade e dicas técnicas para P&D.

Por: Dafratec | Em 01/08/2025 | Artigo
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Normas técnicas, estabelecidas por órgãos como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a United States Pharmacopeia (USP) e a International Organization for Standardization (ISO), garantem que produtos e processos envolvendo sistemas particulados atendam a critérios rigorosos de qualidade, eficácia e segurança. A seguir, apresentamos as principais normas para análise de partículas, detalhando onde se aplicam, quais setores devem ficar atentos, as consequências de não conformidade (com referências legais) e dicas técnicas para cumprimento.


Normas Técnicas para Sistemas Particulados

Neste artigo iremos ver sobre as normas que permeiam as análises de sistemas particulados, abordando as principais diretrizes técnicas estabelecidas por órgãos reguladores internacionais. Essas normas são fundamentais para garantir a padronização de métodos analíticos e o cumprimento de requisitos de qualidade em diversos setores industriais.

  • USP <788> - Contagem de partículas visíveis (≥25 µm) e subvisíveis (2–10 µm) em formulações injetáveis
  • USP <729> - Distribuição de tamanho de glóbulos em emulsões lipídicas para nutrição parenteral
  • ICH Q6A - Especificações para matérias-primas e produtos acabados, incluindo testes de partícula críticos
  • ASTM E2490 - Caracterização de distribuição de partículas de nanomateriais por espectroscopia de correlação de fótons (PCS/DLS)
  • ISO 13320 - Análise de distribuição de tamanho de partículas por difração a laser
  • ISO 9276 - Padronização da apresentação de resultados de análise de partículas
  • Ph. Eur. 2.9.19 - Contagem de partículas subvisíveis (≥10 µm e ≥25 µm) em soluções injetáveis conforme Farmacopeia Europeia
  • Ph. Eur. 2.9.31 - Distribuição de partículas por difração a laser em matérias-primas, excipientes e produtos acabados
  • ASTM D4464 - Análise de tamanho de partículas em catalisadores heterogêneos por espalhamento de luz a laser


USP <788> – Particulate Matter in Injections

Onde se aplica?

A USP <788> é voltada para a contagem de partículas visíveis (≥25 µm) e subvisíveis (2–10 µm) em formulações injetáveis, como soluções intravenosas, vacinas, colírios e infusões.

Setores que devem ficar atentos

  • Indústria farmacêutica parenteral: fabricantes de soros, vacinas e biológicos (anticorpos monoclonais, proteínas recombinantes).

  • Farmácias hospitalares de manipulação: elaboração de nutracêuticos e terapias personalizadas para pacientes críticos.

  • Centros de pesquisa clínica: laboratórios que testam novos fármacos e protocolos injetáveis.

Consequências da não conformidade

  • Interdição e notificações ANVISA: infrações à RDC 301/2019 (arts. 70–72) podem resultar em autuações, interdição de lotes ou unidades fabris.

  • Risco à saúde do paciente: partículas podem causar embolia pulmonar, inflamações e rejeições imunológicas.

  • Recall e sanções administrativas: recall de lotes e multas previstas na Lei 6.360/1976 (arts. 12 e 13).

Dica técnica

Implemente contagem automática por fluxo de líquidos e realize calibrações periódicas com padrões de poliestireno para assegurar precisão contínua.

Equipamentos Que Atendem a Norma

contador de partículas líquidas HIAC 9703+

Contador de partículas líquidas HIAC 9703+ 

É uma referência em aplicações de pesquisa e controle de qualidade farmacêutica, atendendo aos rigorosos padrões da USP <788> (United States Pharmacopeia). Este equipamento foi desenvolvido para atender às necessidades específicas de contagem de partículas líquidas, especialmente em soluções parenterais, destacando-se pela sua alta configurabilidade e facilidade de uso.

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Multisizer 4e: Contador e analisador de tamanho de partículas

Multisizer 4e: Contador e analisador de tamanho de partículas

Multisizer 4  é o  contador de partículas  e  analisador de distribuição de tamanho de partículas  mais versátil e preciso disponível no mercado. Ele emprega o renomado  Princípio Coulter , também conhecido como Sensoriamento de Zona Elétrica (ESZ). Esse princípio proporciona distribuições de tamanho em número, volume ou área superficial, cobrindo uma faixa de 0,2 a 1600 µm. Os resultados não são influenciados pela cor, forma, composição ou índice de refração das partículas.


USP <729> – Globule Size Distribution in Lipid Injectable Emulsions

Onde se aplica?

Determina a distribuição de tamanho de glóbulos em emulsões lipídicas para nutrição parenteral total.

Setores que devem ficar atentos

  • Indústria de nutrição parenteral: produção de emulsões lipídicas para terapia nutricional hospitalar.

  • Farmácias de manipulação hospitalar: preparo de formulações lipídicas sob demanda em UTI.

  • Pesquisas clínicas de nutrição: avaliação de estabilidade e biodisponibilidade de lipídios.

Consequências da não conformidade

  • Reprovação em inspeções: infração à Lei 6.360/1976 e RDC 301/2019 pode levar à suspensão de atividades.

  • Instabilidade física: coalescência de glóbulos resulta em separação de fases.

  • Comprometimento da segurança: glóbulos maiores que 5 µm aumentam risco de micro-embolias.

Dica técnica

Use espectroscopia de correlação de luz dinâmica (DLS), garantindo replicatas e controle de temperatura em 25 °C.


ICH Q6A – Specifications for Drug Substances and Products

Onde se aplica?

Diretriz para definição de especificações de matérias-primas e produtos acabados, incluindo testes de partícula quando críticos para desempenho.

Setores que devem ficar atentos

  • Desenvolvimento de fármacos: definição de Critical Quality Attributes (CQAs).

  • Garantia da Qualidade: elaboração de especificações de liberação de lote.

  • Assuntos Regulatórios: submissão de dossiês à ANVISA, FDA e EMA.

Consequências da não conformidade

  • Atraso na aprovação de registros: ausência de justificativa para limites de partículas pode resultar em exigências adicionais (RDC 55/2010, art. 18).

  • Multas e sanções: penalidades previstas na Lei 6.360/1976 por descumprimento de Boas Práticas de Fabricação.

Dica técnica

Implemente Análise de Risco (FMEA) e Controle Estatístico de Processo (CEP) para estabelecer limites de partículas alinhados à ICH Q9.


ASTM E2490 – Particle Size Characterization of Nanomaterials by Photon Correlation Spectroscopy

Onde se aplica?

Caracterização de distribuição de partículas de nanomateriais em suspensão via espectroscopia de correlação de fótons (PCS/DLS).

Setores que devem ficar atentos

  • Nanotecnologia: desenvolvimento de nanopartículas para liberação controlada de fármacos.

  • Cosméticos avançados: formulações nanoestruturadas de lipossomas e nanosferas.

  • Pesquisa e P&D: estudos acadêmicos e industriais em propriedades coloidais.

Consequências da não conformidade

  • Dados não reprodutíveis: uso de métodos não padronizados gera variabilidade entre laboratórios.

  • Falha em comparabilidade: dificulta submissão de artigos científicos e relatórios regulatórios.

Dica técnica

Padronize temperatura a 25 °C, utilize cubetas de vidro de alta precisão e configure medições em pelo menos cinco replicatas automáticas.


ISO 13320 – Particle Size Analysis by Laser Diffraction Methods

Onde se aplica?

Análise de distribuição de tamanho de partículas para pós, suspensões, emulsões e catalisadores por difração a laser.

Setores que devem ficar atentos

  • Farmacêutica: micronização de fármacos e excipientes.

  • Petroquímica e catalisadores: caracterização de suportes catalíticos.

  • Alimentos e nutrição: ingredientes em pó e nutracêuticos.

  • Cosméticos: pós faciais e pigmentos.

Consequências da não conformidade

  • Lotes rejeitados: controle de qualidade interno ou clientes podem recusar produtos fora da especificação.

  • Processos ineficientes: partículas fora da faixa ideal afetam solubilidade e performance.

Dica técnica

Empregue sistemas de circulação úmida para amostras aquosas e selecione lentes que cubram 0,1 a 3000 µm, calibrando com padrões de poliestireno regularmente.

Equipamento que atende a norma ISO 13320

Analisador de Tamanho de Partícula - LS 13 320 XR

Analisador de Tamanho de Partícula - LS 13 320 XR

LS 13 320 XR Analisador de Tamanho de Partícula  oferece uma faixa de medição direta de 10 nm a 3.500 µm, permitindo a detecção precisa de múltiplos tamanhos de partículas em uma única amostra conforme especificações da  norma ISO 13320 . Isso é possível graças à tecnologia avançada de  Difração a Laser  combinada com a  Polarização Diferencial de Intensidade  ( PIDS ), que permite a medição e a obtenção de dados reais com alta resolução até 10 nm. A utilização de 132 detectores garante uma resolução ainda maior e resultados mais precisos, atendendo aos requisitos rigorosos de análise por difração a laser estabelecidos pela  ISO 13320 .

ISO 9276 – Representation of Results of Particle Size Analysis

Onde se aplica?

Padronização da apresentação de resultados de análise de partículas, incluindo formatos de dados e relatórios.

Setores que devem ficar atentos

  • Laboratórios de controle terceirizados: emissão de laudos para indústrias.

  • Academia e P&D: padronização de relatórios para publicações.

  • Consultorias: elaboração de especificações e estudos de viabilidade.

Consequências da não conformidade

  • Relatórios inconsistentes: impossível comparar dados de diferentes métodos ou laboratórios.

  • Decisões equivocadas: uso inadequado de métricas (D10, D50, D90) leva a conclusões erradas.

Dica técnica

Utilize software especializado que gere curvas cumulativas e distribuições multimodais, incluindo estatísticas descritivas padronizadas.


Ph. Eur. 2.9.19 – Particulate Contamination: Sub-visible Particles

Onde se aplica?

Contagem de partículas subvisíveis (≥10 µm e ≥25 µm) em soluções injetáveis, conforme Farmacopeia Europeia.

Setores que devem ficar atentos

  • Farmacêuticas multinacionais: plantas que exportam para a UE.

  • CDMOs: garantia de conformidade simultânea a USP e Ph. Eur.

  • P&D regulatório: preparação de dossiês para mercados americanos e europeus.

Consequências da não conformidade

  • Retenção de produtos em portos: fiscalização da EMA impede importação de lotes não conformes.

  • Retrabalho de lotes: custos adicionais e atrasos na cadeia logística.

Dica técnica

Automatize contagem óptica integrada a LIMS para geração de relatórios conforme exigido pela Ph. Eur.


Ph. Eur. 2.9.31 – Particle Size Distribution by Laser Light Diffraction

Onde se aplica?

Determinação da distribuição de partículas por difração a laser em matérias-primas, excipientes e produtos acabados.

Setores que devem ficar atentos

  • Farmacêuticas: controle de consistência em lotes de pós e suspensões.

  • Cosméticos: qualidade de pós faciais e cremes.

  • Alimentos funcionais: análise de ingredientes micronizados.

Consequências da não conformidade

  • Auditorias falhadas: documentação insuficiente para demonstrar conformidade.

  • Variabilidade de produto: diferenças entre lotes afetam biodisponibilidade ou textura.

Dica técnica

Utilize fluxo contínuo com bomba peristáltica e ajuste o índice de refração conforme o material para obter medidas precisas.


ASTM D4464 – Particle Size Distribution of Catalysts by Laser Light Scattering

Onde se aplica?

Análise de tamanho de partículas em catalisadores heterogêneos por espalhamento de luz a laser.

Setores que devem ficar atentos

  • Petroquímica: refinarias e unidades de craqueamento catalítico.

  • Química fina: produção de catalisadores para síntese orgânica.

  • Materiais cerâmicos: desenvolvimento de suportes porosos.

Consequências da não conformidade

  • Baixa atividade catalítica: área de superfície ativa reduzida.

  • Aumento de custos operacionais: necessidade de compensação com maior energia ou pressão.

Dica técnica

Realize análises em fases seca e úmida, usando detectores angulares múltiplos para avaliar aglomeração e dispersão.


Seguindo essas normas e aplicando as práticas recomendadas, sua operação em sistemas particulados estará alinhada às exigências regulatórias e técnicas, garantindo qualidade, segurança e eficácia dos produtos.

Parceiro Estratégico – Dafratec

Para garantir que seu laboratório disponha das tecnologias e equipamentos mais avançados em conformidade com todas essas normas, conte com a Dafratec . Especializada em soluções de medição de partículas, instrumentos de espalhamento de luz dinâmica, contadores ópticos e sistemas de difração a laser, a Dafratec oferece suporte completo em pesquisa, desenvolvimento e validação. Com treinamentos, serviços de calibração e manutenção preventiva, nossa equipe técnica assegura que seu processo atenda aos requisitos regulatórios e de qualidade, acelerando o time-to-market e minimizando riscos.



FAQ: Normas para Sistemas Particulados

1. O que são sistemas particulados e por que são regulados?

Sistemas particulados envolvem partículas sólidas ou líquidas suspensas em um meio (gás ou líquido). Eles são regulados porque impactam diretamente a qualidade, segurança e eficácia de produtos , especialmente em indústrias farmacêuticas, cosméticas, químicas e alimentícias.


2. Quais são as principais normas para controle de partículas em produtos injetáveis?

A norma mais usada é a USP <788> , que trata da contagem de partículas visíveis e subvisíveis em soluções injetáveis. Também são utilizadas Ph. Eur. 2.9.19 e ISO 14644 em ambientes críticos.


3. Quando devo aplicar a norma USP <729>?

A USP <729> é essencial para emulsões lipídicas injetáveis , como nutrição parenteral. Ela exige a análise do tamanho e distribuição de glóbulos de gordura , garantindo segurança na administração intravenosa.


4. A norma ISO 13320 é obrigatória em quais situações?

A ISO 13320 regula a análise de tamanho de partículas por difração a laser , aplicada em diversos setores como farmacêutico, cerâmico, alimentos, fertilizantes e catalisadores. Embora não obrigatória por lei, é amplamente exigida por boas práticas de fabricação (GMP) e auditorias.


5. Quais setores devem ter mais atenção com a conformidade dessas normas?

  • Indústria farmacêutica : injetáveis, suspensões, emulsões, princípios ativos.

  • Cosméticos : loções, cremes, filtros solares com partículas micronizadas.

  • Alimentos : produtos em pó, suplementos, emulsões alimentícias.

  • Química fina : pigmentos, catalisadores, cargas minerais.

  • Pesquisa acadêmica e laboratorial : desenvolvimento de novas formulações.

Não conformidades nesses setores podem gerar interdições pela ANVISA , recalls, e perda de certificações ISO, GMP ou FDA.


6. Quais os riscos de não seguir essas normas?

Os riscos vão de resultados inconsistentes até sanções legais . Por exemplo:

  • A ANVISA pode aplicar interdição do lote ou do produto (Lei nº 6.437/77).

  • Órgãos como o FDA podem emitir advertências ou proibir a importação/exportação.

  • Clientes podem perder certificações ISO , resultando em exclusão de mercados regulados.


7. Qual equipamento é necessário para atender essas normas?

Depende da norma e aplicação:

  • Contadores de partículas : para USP <788>, Ph. Eur. 2.9.19.

  • Analisadores por difração a laser : ISO 13320, ISO 9276.

  • Sistemas de imagem e sedimentação : ASTM E2490.

  • Microemulsômetros e homogeneizadores : USP <729>.


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